Todos os anos, muitas pessoas celebram o dia de "Corpus Christi". O título da solenidade vem do latim e significa “Corpo de Cristo”. É considerado pela Igreja Católica um dia de guarda, em que a participação dos fiéis à missa é obrigatória. É uma festa móvel, cuja data varia a cada ano, ocorrendo sempre 60 dias depois da Páscoa.

Mas o que vem a ser essa celebração? "Corpus Christi" é um dia em que se realizam procissões para adorar publicamente a presença de Cristo na Eucaristia (hóstia). A festa é baseada na doutrina católica chamada “transubstanciação”, segundo a qual durante a consagração do pão e do vinho pelo padre ou bispo, estes se tornam - de forma literal - o corpo e o sangue de Cristo (mas mantendo a aparência e o gosto do pão). 

Esse breve artigo apresentará cinco razões pelas quais os Batistas do Sétimo Dia, assim como os demais evangélicos, não participam das comemorações deste dia.

1) Em nenhum dos escritos dos Pais da Igreja dos primeiros séculos encontramos qualquer indício de uma adoração ao pão e/ou ao vinho como elementos com a presença real de Cristo. Estes eram vistos como símbolos da realidade espiritual. Para citar algumas evidências:

Clemente de Alexandria (190 d.C.):

“A Escritura chama ao vinho um SÍMBOLO MÍSTICO do precioso sangue de Cristo.”

Tertuliano (195 d.C.):

“Tomando o pão e distribuindo-o a seus discípulos, fez dele Seu corpo dizendo: ‘Isto é o meu corpo, isto é, a FIGURA do meu corpo.’”

Macário do Egito (371 d.C.):

“Na igreja se oferecem pão e vinho, ANTÍTIPOS [símbolos] da carne e do sangue de Cristo, e os que participam do pão visível comem a carne do Senhor espiritualmente.”

Teodoreto, bispo da Síria (424 d.C.):

“Os SÍMBOLOS MÍSTICOS depois da consagração NÃO MUDAM de substância.”

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Gelásio, bispo de Roma (492 d.C.):

“A substância ou natureza do pão e do vinho NÃO DEIXA DE EXISTIR; e indubitavelmente a imagem e semelhança do corpo e sangue de Cristo são celebrados na ação dos mistérios.”

2) A doutrina da transubstanciação não se tornou conhecida da Igreja nos primeiros oitocentos anos de Cristianismo e apenas se tornou ponto de fé da Igreja Católica no Quarto Concílio de Latrão, em 1215. A celebração de "Corpus Christi" só surgiu na história quando o papa Urbano IV realizou uma grande procissão para adoração eucarística em 19 de junho de 1264 e oficializou a festividade com a bula papal “Transiturus” em 8 de setembro de 1264.

3) Não vemos qualquer indício da doutrina de "Corpus Christi" nas Escrituras. Quando Jesus declarou durante a última ceia com os apóstolos: “Isto é o meu corpo” e “Isto é o meu sangue” (Mateus 26:26-28), referindo-se ao pão e ao vinho, Ele estava estabelecendo uma analogia ou comparação. Os apóstolos jamais interpretariam que Cristo estava literalmente naquele pão ou naquela taça que Ele segurava. Da mesma forma, Cristo falou simbolicamente quando declarou que Ele é a porta (João 10:9) ou que Ele é a videira (João 15:1). 

Em conformidade com o ensino bíblico, a tradição evangélica Batista sempre manteve que a Ceia do Senhor é uma ordenança simbólica, um memorial do corpo e sangue de Cristo (Lucas 22:19; 1 Coríntios 11:24-25), e não o verdadeiro ato de consumir Seu corpo físico e sangue - o que a propósito contrariaria outros preceitos bíblicos que proíbem o canibalismo e a ingestão de sangue (Gênesis 9:4 Atos dos Apóstolos 15:20).

4) A Igreja Católica ensina que toda vez que o pão e o sangue se transubstanciam no corpo e sangue de Cristo, um “novo sacrifício” de Jesus Cristo é realizado por nossos pecados. Isso contraria os claros ensinos do livro de Hebreus, segundo os quais Jesus foi sacrificado de UMA VEZ POR TODAS de forma perfeita e não necessita oferecer novos sacrifícios (Hebreus 7:27 10:10).

 Porque também Cristo PADECEU UMA VEZ PELOS PECADOS, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus;    

1 Pedro 3:18

5) Nos tempos do Antigo Testamento, o profeta Isaías condenou aqueles que realizavam procissões carregando os seus ídolos (Isaías 45:20). Nossa adoração ao Senhor Jesus deve ser em espírito e em verdade (João 4:24). Adorar e venerar uma hóstia revela não uma forma de adoração bíblica, mas um ato de idolatria (Êxodo 20:3-4). Não é o verdadeiro Senhor que está sendo prestigiado nesse evento! 

O verdadeiro “comer” e “beber” do corpo e sangue de Cristo envolve recebê-lo como nosso Senhor e Salvador pessoal e desenvolvermos um relacionamento de fé com Ele (João 3:16-18).

Com amor, 

Fabricio Luís Lovato.

REFERÊNCIAS

COLETTE, C. H. Inovações do Romanismo. Edições Parakletos, 2001.
GEISLER, N.; HOWE, T. A. Manual de Dificuldades Bíblicas. Mundo Cristão, 2015.

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