Índice de Artigos

Quiçá, um dos mais estranhos movimentos da mentira White é daqueles que, em muitos aspectos, poucos, dentro ou fora da Igreja Adventista, parecem sentir-se de alguma maneira afetados pelos detalhes específicos de Ellen G. White e suas instruções, conselhos e repreensões. A hipocrisia dentro das filas Adventistas é muito maior, e ainda mais, que os dobros estandartes que os Adventistas crêem que outras igrejas têm. Em realidade, não muitos prestam muita observância ao "espírito de profecia" da igreja, não importa de onde tenham vindo as idéias de Ellen. Muito do ruído atual no Adventismo vem daqueles da superzelosa margem da direita, que abriram caminho para posições em que suas plumas e suas vozes possam ser usadas. Por isso, seu ruído é amplificado fora de proporção com seu número.

Se a continuada prova de qualquer profeta e suas instruções tem de se ver nas vidas dos que o seguem, então o hino evangélico de Ford e o hino apocalíptico de Rea são apenas a triste canção final de um funeral que teve lugar faz muito tempo.

Não há evidência angustiante de que os membros da Igreja Adventista sigam os solenes conselhos do século dezenove de Ellen G. White (e seus ajudantes) sobre educação, a prática médica, as práticas financeiras, a dieta, o estilo de vida pessoal, o matrimônio, o sexo, o divorcio, o vestuário ou outros dos assim chamados modelos cristãos. Nem os ministros nem os leigos Adventistas praticam nem promovem com nenhum grau de seriedade verdadeiros legalismos que eles afirmam vieram de Deus por inspiração e pela autoridade de sua profetisa. Há ainda menos evidência de que as instruções de Ellen nestas áreas tenham encontrado eco em nenhum sentido em nenhuma parte importante do mundo.

Os supervendedores administrativos da igreja avançaram os argumentos de que as cifras da igreja mostram crescimento. A confiabilidade das cifras da igreja continua sendo duvidosa. É duvidoso que tenha existido um auditor honesto na igreja desde que Judas tivesse a bolsa; por isso, devemos questionar os relatórios estatísticos de qualquer grande organização religiosa. Ainda que algumas vezes apareçam cifras verdadeiras, as interpretações vêm dos supervendedores, cujo trabalho principal é proporcionar relatórios de vívidas cores, sempre em favor do sistema.

A crença Adventista de que todas as instruções da pluma de Ellen G. White vinham realmente de Deus devem ser postas em dúvida, porque eles decidiram ignorar muito dessas instruções. Por exemplo, a maioria dos membros come um pouco de carne, bebe alguns estimulantes, vê alguns filmes maus, atua de má fé em suas contribuições e mente uns aos outros durante a semana, continuando suas práticas no sábado sobre uma base mais refinada. Em seu plagiar, Ellen G. White condenou todas estas práticas. Com o correr do tempo, mais de 50% dos membros abandona a Igreja Adventista nos Estados Unidos. Dos 50% restantes, aproximadamente 10% participa realmente nas atividades da igreja regular e completamente.

Então, de que lhe serve ao membro de igreja a insígnia de lealdade a Ellen G. White e a seus escritos? Para a maioria dos "verdadeiros crentes", é só o último símbolo que têm de que eles são os eleitos de Deus, o verdadeiro remanescente, os favorecidos do céu. Sua crença de que Apocalipse 12:17 e 19:10 os convertem nos primeiros entre seus iguais não lhes permite, segundo seu modo de pensar, aceitar nenhuma outra interpretação que não seja uma objetiva quanto ao lugar de Ellen G. White em seu sistema. Por meio dessa Ellen, foi-lhes ensinado a estar isolados, solitários e esperando serem perseguidos por sua "fé" (que em suas mentes é Ellen G. White). Não é a Cristo a quem glorificam em seu viver; não é a Deus a quem desafiam com suas ações. Centram-se no "espírito de profecia” como o descrevem e interpretam-no os modeladores de pensamentos os supervendedores da igreja, por meio de sua marionete, Ellen G. White.

Se os estudos das décadas de 1960 e 1970 provam algo, é que o conceito de uma Ellen G. White do século XIX como uma infalível, original, independente e literal profetisa de Deus, está morto. Então, compreende-se que há muito sofrimento e tristeza no velório. Robert Brinsmead tratou de enfocar este assunto em seu capítulo "The Legend of the Impeccable Ellen G. White" [A Lenda da Impecável Ellen G. White]:

Ao discutir o lado humano da Sra. White, seria fácil deformar o quadro enfatizando certas características e minimizando outras. Está fora do alcance desta revisão do Adventismo produzir um tratamento "balanceado" da Sra. White como pessoa. Alguém deve recordar a massa de evidência positiva, que indica quão grande mulher foi realmente a Sra. White. Não é lenda que ela foi uma cristã dedicada, abençoada pelo Espírito Santo, e que reforçou a prodigiosa obra de sua vida com uma grande piedade.

Os Adventistas não são o único grupo religioso que magnifica as virtudes e ocultam as debilidades humanas de sua fundadora. Os luteranos, os calvinistas, e os wesleyanos fizeram o mesmo – ao menos durante várias gerações depois do falecimento de seus grandes fundadores. Ao começar a saber-se a verdade a respeito de seus heróis religiosos, teve o temor de que estes homens não fossem mais tidos em alta estima. Mas, se algo ocorreu, foi que Lutero e Wesley foram mais apreciados. Creio que o mesmo será verdadeiro de Ellen G. White quando os Adventistas caírem na conta de que ela era um ser humano como o resto de nós.1

No entanto, apesar da evidência, há quem não aceite o fato de seu falecimento. Ouviram a música, vêem as coroas e notam que os chorosos se reuniram. Mas se recusam crer que Ellen já não é uma força vivente entre eles. Para eles, os dons espirituais dela não substituem suas interpretações literais e sua presença. Com freqüência, estes dolentes são os veteranos, os extremistas, os temerosos, os ignorantes. São aqueles dos quais os supervendedores do psíquico abusaram mais. Eles são os que foram sacudidos mais severamente pela morte de Ellen. Os veteranos foram ignorados, aos extremistas se lhes atendeu, os temerosos foram estimulados em seus temores e os ignorantes foram deixados na escuridão.

Este escandaloso estado de coisas deve ser atribuído principalmente aos supervendedores da igreja, que têm estado decididos, pela razão que seja, a perpetuar a mentira branca.

Um supervendedor preocupado pelo que tinha visto e experimentado,2 William Colcord, teria de escrever mais tarde (em 1933):

Meu remédio para os males da denominação é que admita a verdade, sem importar os resultados que sigam à admissão. Aferrar-se à inspiração e à infalibilidade da Sra. White, como se fez, foi uma maldição para a denominação. Evitou uma investigação honesta. Estimulou a dominação eclesiástica, a perseguição e as excomunhões injustificadas. Estimulou a mentira, o engano e a prática da hipocrisia.

Muitos dos veteranos, como sabemos, eram renitentes em renunciar a seus reclamos em absoluto, porque conheciam a influência que tinham sobre a igreja enquanto pudessem manter as afirmações de Ellen G. White. Também, temiam que se rompesse a base de tudo se as afirmações dela eram de alguma maneira alteradas ou jogadas abaixo, tão encadeados estavam seus escritos à denominação e suas doutrinas.3

Outros, tristes no velório, como todas as carpideiras, só lançam agudos gritos de angústia. Não sentem verdadeira tristeza pela defunta. Não têm nenhuma verdadeira simpatia nem solaz que dar aos vivos. Só lhes preocupa que lhes paguem por sua parte no serviço. Estes dolentes só confundem as coisas que estão em jogo e se aglomeram no vestíbulo. Quando o serviço terminar, derivarão para outro, no qual se sentirão contentes de derramar suas hipócritas lágrimas novamente para obter alguma forma de compensação pessoal por isso.

Outros mais, vêm expressar ódio e vingança. Se pudessem, tão-somente, afirmar que a morte de Ellen ocorreu por causa de alguma pessoa ou algum grupo, sentiriam que sua presença no funeral estava justificada. Para eles, a morte dela é uma realidade, mas a natureza deles é tal que têm que culpar a alguém – e para culpar a alguém, precisam de outro corpo, um mártir. O ódio e a vingança não nascem de mentes racionais, senão que brotam das emoções. Por isso, os que caem nesta categoria não tentam nem a razão nem o entendimento. Só ficarão satisfeitos com o sangue e a vingança.

Mas, felizmente, em todo momento há os que têm mentes para ver a realidade, o valor e a graça para aceitar a mudança. Estes não são os supervendedores do psíquico. São os verdadeiros pastores do rebanho. Aceitam seu papel e reconhecem sua responsabilidade para apascentar e guiar às ovelhas – não as empurrar – para os verdes pastos. Com gosto, administrarão o bálsamo de Galaad e guiarão as ovelhas às Águas Vivas. Seu gozo e sua satisfação se produzem quando o rebanho é apascentado. Obtêm sua paz quando todas as ovelhas estão a salvo dentro da proteção do redil.

São os que sabem que o quadro de seu esforço nem sempre tem estado pendurado nas grandes janelas da Igreja Adventista. Sabem também que Ellen e seus pronunciamentos com freqüência foram usados para difamar e desfigurar esse trabalho. Demasiado com freqüência, ouviu-se a voz de algum supervendedor do psíquico e foi tomada pela voz do verdadeiro pastor, quando em realidade era a voz de uma equipe de demolição. Aos que seguiram aos supervendedores por um tempo lhes pode ter parecido que se dirigiam para alguma luz celestial, simplesmente porque algo foi citado como depoimento de Ellen G. White, mas o que teriam de encontrar, para seu pesar, foi que em realidade estavam perdendo terreno no nome de Deus.

O progresso sempre significou mudança e crescimento – especialmente em religião. Paulo dizia que morria cada dia,4 uma expressão que significa disposição para aceitar a realidade da mudança na experiência pessoal. Não implicava tanto uma mudança física, como uma mudança espiritual: uma limpeza da mente e da alma. Paulo sabia que qualquer mudança deve originar-se sempre numa genuína mudança espiritual (subjetivo) no ser mais interior se possa ter algum significado e valor. Se a conduta humana provou algo, é que podemos efetuar, e com freqüência efetuamos, uma mudança exterior (objetivo) sem valor espiritual. Mas a mudança espiritual é motivada espiritualmente – não por um profeta e suas obras, não por um modelador de pensamentos ou um supervendedor como intérprete, senão pela obra do Espírito Santo na mente e o coração humanos. A vida deveria ensinar-nos que Deus não procura aos homens por meio da persuasão do temor, da culpa e da autoridade de um "profeta." As coisas espirituais ainda se discernem espiritualmente – por meio de uma relação direta entre Deus e o homem.5

O gênio de um experiente em demolição é saber o que salvar para voltar a construir sobre o lugar, saber o que não pode ser salvo e que deve ser descartado. Caso se preserve demasiadamente, o velho simplesmente permanece numa forma renovada, mas instável. Se for descartado demasiadamente, mais vale do que alguém comece desde o princípio e que construa algo completamente novo.

O Adventismo está agora avaliando seus entulhos e perguntando-se o que, no que tange a Ellen G. White, deve ser salvo e o que não. Há os que quereriam descartar tudo e começar algo inteiramente novo. Outros mais preferem guardar quase todo o velho, ainda que tenham que lhe dar uma nova fachada e algum outro nome. Mais e mais, a evidência diz que algo deve fazer-se à estrutura para salvá-la.6

Com frequência, os escritores denominacionais sustentaram certas qualidades básicas que eram suas provas de que Ellen G. White tinha que ser reconhecida como profetisa de Deus e que suas obras e seus escritos eram a autoridade final. É necessário examinar algumas dessas passadas "provas" para ver se podem sobreviver às equipes de demolição que já estão trabalhando:

Primeira: Acreditava-se que Ellen G. White tinha a qualidade de conhecer de primeira mão ou que era testemunha, da história, dos acontecimentos e da teologia.

Arthur White, o neto de Ellen, foi um dos que mais ofereceram o argumento de que Ellen "escreve como espectadora." Em sua série de artigos de 1979, três dos sete adiantam a tese de que o leitor se impressionará com o fato de que Ellen G. White era uma espectadora de primeira mão, uma testemunha – que ela estava "ali". 8 O leitor, dizia, reconhecerá que as obras históricas deram a ela o vocabulário de expressões que usava, as datas dos acontecimentos, certas descrições geográficas, muitos detalhes, a seqüência da história eclesiástica e muitos elos narrativos. Mas, diz Arthur, "as descrições frequentes de acontecimentos em quase cada página deixam o leitor com a inevitável convicção de que ela presenciou as cenas em visão".9 Ele se deleita em sustentar que

Além de que Ellen White obtivesse informação objetiva e descritiva de uma classe ou da outra de Hanna, Geikie e outros, a fonte de suas visões lhe deu informações a respeito da vida de Cristo, das quais não estavam inteiradas outras pessoas. Tais descrições dão uma impressão de autenticidade que só poderia ter-se dado uma testemunha. Os escritos dela abundam em dados frescos e recentes.10

As investigações da década de 1970 indicam claramente que este conceito deve desaparecer. Está demasiado cheio de ocos de cupins para suportar qualquer construção ou pressões sobre ele. A obra de McAdams, Graybill, Peterson, o Comitê de Glendale e outros dizem bem claramente que um matrimônio que espere durar sobre esta falsa premissa já não pode sobreviver.

Segunda: Acreditava-se que Ellen G. White tinha a qualidade de "inspiração", que a protegia de escrever erros.

Francis D. Nichol foi um dos firmes defensores desta posição que é agora insustentável. Disse que "o singular da profetisa é que, de maneira completamente distintiva, sua mente é alumiada por Deus para que escreva só a verdade” [a cursiva é nossa].11 Quando Nichol fala da mensagem sobre a saúde, pergunta retoricamente: "Como saberia a Sra. White escolher de entre os variados pontos de vista dos reformadores o que era bom e descartar o que era mau?"12 Sua conclusão é que "só um profeta de Deus saberia com certeza se uma afirmação particular de algum escritor apresentava uma grande verdade numa forma absolutamente exata."13

Arthur White cita uma carta de seu pai, W. C. White, que apóia a posição de Nichol:

Quando ela encontrava na linguagem de outra pessoa uma representação correta do pensamento que lhe tinha sido apresentado a ela, algumas vezes copiava ... pensando que tinha perfeito direito a fazê-lo; que era seu privilégio utilizar afirmações corretas de outros escritores quanto a cenas que se lhe tinham apresentado a ela. [A cursiva é nossa].14

Raymond Cottrell também se sentia cômodo com o mesmo ponto de vista de Ellen:

É possível que o conteúdo derivado da reserva de conhecimentos e experiência do próprio profeta em coisas espirituais esteja errado, porque é humano... Em tais casos... o Espírito Santo entra em cena, como influência controladora, para salvaguardar as expressões do profeta, para protegê-lo ou protegê-la de representar erroneamente a Deus.... Esta inspiração do Espírito Santo lança sobre as declarações proféticas a qualidade de ser autênticas, autorizadas, e infalíveis porquanto expressam a vontade, o propósito, e os modos de Deus. Esta inspiração protege a mensagem do profeta de humanas influências que poderiam distorcê-lo ou pervertê-lo. [A cursiva é nossa].15

Mais afirmações recentes dos diretores do White Estate assumem um ponto de vista diferente a respeito desta qualidade de Ellen e sua capacidade para ser sempre exata no que dizia que via. Robert Olson escreveu:

Ao seguir a Wylie, a Sra. White parece ter feito várias afirmações históricas errôneas, [a respeito de Huss em The Great Controversy (O Grande Conflito)] que agora se consideram historicamente inexatas...

Aceito o fato de que a Sra. White seguiu a Wylie bastante de perto – muito de perto – desde a página 97 até a página 110 de The Great Controversy (O Grande Conflito).

Resulta-me difícil crer que o Senhor desse à Sra. White uma visão ou uma série de visões que, ao longo de quatorze páginas, coincidisse com Wylie em tantos detalhes.16

Terceira: Diz-se que Ellen G. White tinha a qualidade singular de transmitir a vontade de Deus.

Dom McAdams e Francis D. Nichol, capazes porta-vozes desta posição parecem pensar o mesmo. Em seu manuscrito não publicado sobre Huss e a Sra. White, McAdams diz:

Ellen White, com a ajuda do Espírito Santo, criou suas próprias obras originais...
Depois de ter lido The Great Controversy (O Grande Conflito), qualquer crítico honesto deve ficar impressionado com o poder de sua mensagem...

É possível mostrar a originalidade criativa de The Great Controversy (O Grande Conflito)...
The Great Controversy (O Grande Conflito) tem "uma totalidade de pensamento que é única."...
Mas ela usava feitos bem conhecidos para levar aos homens a Cristo. Apesar de todas suas convicções, Wylie não deixa ao leitor sentindo a necessidade de arrepender-se, nem a confiança de que os anjos ministraram a favor dele em sua hora de crise. Ellen White o fez. Com seu propósito geral e seus poderosos capítulos finais para dar significado à história, The Great Controversy (O Grande Conflito) clama a nosso espírito como nenhuma outra obra da história. Ellen White, guiada pelo Espírito Santo, criou um livro, que em sua totalidade não pode ser confundido com nenhum outro, exceto com uma obra de singular poder.17

Nichol encontra que, para ele, há a mesma evidência convincente:

Cremos que o leitor imparcial de The Great Controversy (O Grande Conflito)... não terá dificuldades em chegar à conclusão de que o livro dá evidência de um grande plano que não foi copiado de escritos humanos .... Há nesse livro uma vida palpitante que não se pode encontrar em histórias seculares ou eclesiásticas... Cremos que a vida que bate nesse livro foi inspirada por Deus. Em realidade, o fato de que existisse o toque humano de mãos humanas antes deste milagre da vida fala aos homens, e não rebaixa para nada o milagre. [A cursiva é nossa].18

Esta tábua da plataforma é uma das mais difíceis de manejar. É uma das mais difíceis a respeito das quais mudar formas antigas de pensar porque envolve o elemento de "autoridade" – uma palavra que nunca foi bem definida no pensamento Adventista a respeito de Ellen G. White. Os Adventistas professam que eles não provam a Bíblia por meio de Ellen White, senão todo o contrário. Até Questions on Doctrine sustenta isto.19 Mas a oposição contra Questions on Doctrine pelos supervendedores da extrema direita da igreja começou tão logo o documento foi trazido à luz pública. Mas, agora, no entanto, apesar do livro ou seus oponentes, teve, e ainda tem, muito de postura hipócrita quando o supervendedor Adventista diz o que diz quanto a Ellen e sua relação com a Bíblia. Como o explica um escritor:

Ele [o Adventista] quer dizer que usa a Bíblia para estabelecer se Ellen White é uma legítima mensageira de Deus. Uma vez que estabeleceu que o fosse, dá-lhe a ela autoridade para dizer-lhe a ele o que a Bíblia está dizendo realmente.20

Um estudo honesto mostra que este foi um conceito evolutivo para a igreja. Não era o conceito dos pais da igreja nos tempos de Ellen. Mas se sentiram obrigados a tomar uma posição por causa de Ellen mesma – e essa posição os meteu no embrulho em que se encontram hoje dia.21 Eles simplesmente tomaram a via extrema na bifurcação do caminho a princípio:

Os primeiros Adventistas do Sétimo Dia se viram confrontados com o fenômeno de Ellen White. Tinham que decidir se ela era uma pessoa genuína ou uma fraude, se sua obra era de Deus ou do diabo. Decidiram que seu ministério era uma manifestação dos dons espirituais. Mas, tendo emitido tal juízo, pouco a pouco se viram constringidos a tomar uma posição de "tudo ou nada" sobre a questão. Arguíram que Deus e Satanás não são sócios. Tudo o que ela escrevia ou era de Deus ou era do diabo. Não tinha meias tintas. Tendo decidido que sua obra era de Deus, os Adventistas creram que ofenderiam a Deus se não aceitavam completamente tudo o que a Sra. White dizia. E entre os fiéis, esta situação continuou até este dia.22

Este modo de pensar conduziu a mais e mais controle por meio da culpa e do temor usando mal o nome de Ellen G. White e seus escritos. E com frequência, esse controle foi efetivo para atingir quaisquer metas que os supervendedores da igreja quisessem atingir. Depois de tudo, o temor pode mover essa "montanha" tão rapidamente como a fé proverbial, ou mais rápido. A igreja sempre mostra uma notável capacidade para encontrar novos fardos para serem tirados – sobretudo de cima das costas dos pobres e ignorantes, e com freqüência de cima do dinheiro dos ricos.

Não há nenhum sinal, em absoluto, de que os empurrões dos membros do sistema, através de todas as décadas, tenham produzido um povo superior nas coisas espirituais ou nos conceitos dos frutos do espírito no Novo Testamento – amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão ou sequer temperança.23 O que se produziu é um sistema eclesiástico manejado por supervendedores do psíquico, hábeis em ocultar os fatos a respeito de si mesmos e suas relações com a igreja, e em esconder os falaciosos métodos de sua profetisa Ellen G. White.

Novamente, aquele príncipe da igreja, quiçá mais honesto do que alguns, disse-o claramente na Consulta Teológica de Glacier View em 1980:

A pergunta que se mantém é, não como prover mais controles, senão como desenvolver cristãos maduros. Uma teologia para o crescimento está implícita na instrução bíblica de passar do leite ao alimento sólido. Esta instrução nos desafia a voltar a estudar nossos sistemas educativos e nossas práticas da criação de nossos meninos. Também nos desafia a aprender como delegar autoridade e reduzir os controles.24

Mas, obviamente, não podia falar em nome da maioria. Os supervendedores de hoje dia (como os pais da igreja antes deles) bem sabem por que preço se vendem suas franquias celestiais e não estão dispostos a renunciar a suas concessões celestiais, que se têm estado vendendo por meio da loja de penhores de Ellen durante o século XIX e depois.

Se o matrimônio da igreja e o povo têm de sobreviver, esses supervendedores devem começar a repartir o poder ao povo. Para que sejam uma igreja digna de qualquer chamado celestial depende da qualidade que os comungantes possam trazer à igreja. Deveriam ser gente livre para procurar e encontrar a verdade por si mesmos; gente que, voluntária e individualmente, responda a Deus e a Cristo Jesus, o portador das Boas Novas; e pessoas estejam dispostas e possam tomar suas próprias decisões e atuar responsavelmente como cristãos.

Ellen G. White está morta e muito de sua autoridade morreu com ela, ainda que os supervendedores da igreja tenham feito um notável trabalho de ocultar a seus membros a notícia de seu falecimento. Seguramente, há muito que é tempo de examinar os fatos:

Já em 9 de Junho de 1853, Tiago White advertia à igreja que os dons espirituais poderiam ficar fora de controle e converter-se numa maldição para a igreja. Com a morte de Tiago White em 1881, ninguém na igreja era o bastante forte para manter os dons espirituais dentro de limites adequados. A palavra da Sra. White se converteu na autoridade absoluta para tudo, desde grandes questões doutrinais até coisas de pouca monta, como se duas comidas ao dia eram melhores que três. E a Sra. White não estava disposta a deixar que ninguém pusesse em dúvida sua palavra , como Uriah Smith e outros cedo o averiguaram. Ela via sua obra como uma com a obra de Deus. Considerava-se que questioná-la era questionar a Deus mesmo. Se Smith ou Kellogg ou qualquer outra pessoa questionava algum dos Depoimentos, sentiam a ira da profetisa. A lenda de sua autoridade profética cresceu, e ela não somente a aceitava, senão que jogou um papel significativo em sua criação. [A cursiva é nossa].25

A crescente evidência de que ela, em grandes quantidades e consistentemente, tomava as idéias e a linguagem de outros sem dar-lhes crédito não permite que sobreviva o infantil conceito de sua autoridade – exceto, principalmente, nas mentes dos supervendedores, porque eles mesmos carecem de um adequado fundamento em Deus. Se tivessem preparados e tivessem sido fiéis à tarefa de pregar e sustentar ao Cristo da Escritura o povo não teria que enfrentar a uma transição de fé de Ellen G. White ao Cristo bíblico. Essa mudança será mais dolorosa agora, a estas tardias datas – se é que se pode fazer. Há um vasto deserto que cruzar desde o sistema de salvação por obras (por meio de Ellen White) até a graça e a salvação oferecidas – sem o preço nem do dinheiro nem das obras – por meio desse Cristo bíblico.

O Adventismo tinha estado na encruzilhada antes. Aqueles pobres meninos dos idos de 1844 fecharam a porta da misericórdia para todos, menos para si mesmos. Há muita evidência agora que diz, com muito pouca ajuda, que Ellen G. White mesma empurrou a porta para fechá-la. Desde então, essa porta em realidade nunca tem estado aberta de par em par, apesar da propaganda nesse sentido vomitada através da organização mundial da igreja. A concessão da misericórdia foi só transferida a algum tribunal celestial, onde aos crentes lhes seria permitido o acesso seletivo a Cristo por meio de Ellen e seus escritos.

Assim que, novamente, o Adventismo esteve na encruzilhada em 1888. Esta vez, a salvação pelas obras (por meio da ênfase sobre a lei e os escritos de Ellen White) versus a salvação por graça (já suprida por Cristo na cruz) era o centro do conflito. Muito se escreveu sobre se a igreja tomou ou não o caminho correto na encruzilhada.26 A mesma Igreja Adventista ensinou que, se a resposta tivesse sido realmente que sim, a obra da igreja se teria levado a cabo, o mundo teria sido advertido, e os santos teriam estado na glória.27 Mas, novamente, a porta se fechou. Desde então, só os Adventistas, dentre todas as principais igrejas protestantes, permaneceram com o pé fora no frio todos estes anos. Sem Cristo e o Evangelho da graça gratuita, as pessoas se converteram em vítimas da lenda de Ellen G. White.

Agora Cristo toca outra vez à porta fechada. O matrimônio de sua igreja com Cristo pode consumar-se somente se essa noiva abre a porta e deixa entrar a Cristo. A igreja deve interromper a ilícita relação com a profetisa Ellen G. White e seus escritos, para permitir que Cristo se converta no verdadeiro esposo. Não há nenhum ápice de evidência de que isto se tenha feito. Mas há montanhas de evidências que indicam que isto deve ser feito para corrigir o que obviamente é uma relação falaz.

Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia pode colocar a Ellen G. White em seu correto papel subordinado – isto é, usar seus escritos como inspirados princípios pastorais, mas não como pronunciamentos divinos do Todo-poderoso, sem obrigar a todos os membros e a todas as pessoas a aceitar a reconfiguração da história por parte de Ellen, o desenvolvimento dos eventos futuros por parte de Ellen, e sem que Ellen dite as decisões diárias que afetam a todas as fases do estilo de vida e a existência – só então pode começar este verdadeiro casamento. No entanto, se essa porta permanece fechada para o Verdadeiro Esposo, Cristo Jesus, então o desastre que espreita ao Adventismo tem que o atingir.

A base de toda união, e especialmente a união espiritual, é a honestidade. O Adventismo fracassou em fomentar esta grande qualidade, tanto dentro como fora da igreja. Crendo, como crêem os membros, que eles, “os escolhidos”, estão acima da maioria das leis humanas, senão de todas; sendo continuamente convencidos por seus supervendedores de que não são seres humanos maduros, responsáveis e capazes prontos para se enfrentar às realidades ou a verdade do futuro; tendo passado pouco tempo olhando para dentro para ver a viga em seu próprio olho (têm estado muito ocupados julgando o cisco no olho alheio) – a Igreja Adventista está mal preparada para mudar de opinião e mover-se para a certeza da paz e o amor do Senhor, Cristo Jesus.

Referências e Notas

  1. Robert D. Brinsmead, Judged by the Gospel (Fallbrook, CA., Verdict Publications, 1980), p. 157.
  2. Veja-se o capítulo nove (material sobre Willard A. Colcord).
  3. De W[illard] A[llen] Colcord para W. A. Hennig, 14 de Setembro de 1933 , SDA Encyclopedia, s.v. Colcord, Willard Allen (sic). De acordo com este breve esboço, "Por este tempo (1914), perdeu a fé nas doutrinas e nos dirigentes da Igreja Adventista e separou-se da igreja. 20 anos mais tarde, em 1934, publicou uma retratação de sua posição na Review and Herald e foi recebido de volta na membresia da igreja."
  4. I Coríntios 15:31.
  5. I Coríntios 2:13-14.
  6. Evangélica, Outubro de 1980. Esta é a primeira edição de uma publicação para os evangélicos.
  7. Arthur L. White, "Completing the Desire of Ages", Adventist Review (23 de Agosto de 1979), pp. 6-9.
  8. ALW, "Ellen G. White´s Sources for the Conflict Séries Books"[Fontes de Ellen G. White para os Livros da Série Conflito], Review (12 de Julho de 1979), pp. 4-7; "Writing on the Life of Christ", (2 de Agosto de 1979), p. 11; "Completing The Desire of Ages", (23 de Agosto de 1979), p. 7.
  9. ALW, "EGW´s Sources", Review (12 de Julho de 1979), p. 7.
  10. ALW, "Writing on the Life of Christ", Review (2 de Agosto de 1979), p. 11.
  11. Francis D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics (Washington: RHPA, 1951), p. 460.
  12. Ibid., pp. 393-94.
  13. Ibid., p. 461.
  14. ALW, "Historical Sources and the Conflict Séries", Review (26 de Julho de 1979), pp. 5-10.
  15. Raymond F. Cottrell e Walter F. Specht, "The Relationship Between The Desire of Ages, by Ellen G. White, and The Life of Christ, by William Hanna", fotocopiado (Universidade de Loma Linda, Divisão de Religião, 1979), pp. 32-33.
  16. Robert W. Olson, "Questions and Problems Pertaining to Mrs. White´s Writings on John Huss", fotocopiado (Washington: EGW Estate, 1975), p. 6.
  17. Donald R. McAdams, "Ellen G. White and the Protestant Historians", sem publicar (Universidade de Andrews, 1974), pp. 232-33.
  18. Francis D. Nichol, EGW and Her Critics, p. 463.
  19. [Seventh.day Adventists], Seventh-day Adventists Answer Questions on Doctrine (Washington: RHPA, 1951), pp. 89-92.
  20. Brinsmead, Judged by the Gospel, pp. 188-89.
  21. Ingemar Linden, The Last Trump, cap. 4, "The Mature Prophet", pp. 187-239.
  22. Brinsmead, Judged by the Gospel, p. 189.
  23. Gálatas 5:22-23.
  24. Earl W. Amundson, "Authority and Conflict - Consensus and Unity", trabalho lido na Consulta Teológica, 15-20 de Agosto de 1980, Glacier View Ranch, Ward, CO, p. 4.
  25. Brinsmead, Judged by the Gospel, pp. 189-190.
  26. Robert J. Wieland e Donald K. Short, 1888 Re-examined (1950). Veja-se também, Norval F. Pease, By Faith Alone (Mountain View: PPPA, 1962).
  27. Ellen G. White, Testimonies for the Church, tomo 9 , p. 29; tomo 6, p. 450.

 

Envie suas perguntas