Texto de Estudo

  E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.    

Os textos que estudaremos hoje, com certeza, são muito conhecidos pelo povo Batista do Sétimo Dia. Já ouvimos muitos sermões sobre essas passagens e, possivelmente, muito do conteúdo que lerá você já sabe. Isso não significa que não deva ler esse artigo; pelo contrário, sugiro que preste atenção. Se já conhece os pontos que serão apresentados, ótimo. Mas o convido a refletir se, apesar de conhecer as passagens, tem se deleitado em obedecer ao quarto mandamento.

Por outro lado, se você é alguém que aprendeu que Jesus aboliu a guarda do sábado, convido-o a abrir o coração para esse estudo, pois responderemos algumas perguntas como: Jesus guardou o sábado? Ou será que Ele cancelou, anulou o quarto mandamento? O que de fato significa dizer que Jesus é o Senhor do sábado?

Neste dia, lembremos da palavra do profeta Oseias: Vamos nos dedicar mais e mais ao Senhor! Tão certo como nasce o sol, Ele virá nos ajudar; virá tão certamente como vêm as chuvas da primavera, que regam a terra. (Os 6:3 NTLH)

O COSTUME DE JESUS

Em nossos dias, palavras como “costume” e “tradição” causam arrepios em algumas pessoas. “A Igreja precisa ser dinâmica, precisa se livrar da tradição”, dizem alguns. Realmente, certos costumes e tradições devem ser repensados, pois as maiores discussões dos religiosos da época de Jesus ocorreram por causa de costumes e tradições que apenas engessavam a adoração, o que infelizmente continua acontecendo ainda hoje, em determinadas denominações. Mas talvez muitos se sintam desconfortáveis com essas palavras, pois desconhecem seu significado. Assim as ligam a algo negativo.

Sendo assim,  vejamos, por exemplo, o significado da palavra costume. Entre outros significados, segundo o dicionário Aurélio, costume é procedimento, modo de viver, usanças práticas. Analisando a definição, não vejo problema algum em dizer que o cristão tem costumes, desde que seja bíblico. O texto de Lucas 4:16, diz: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume, na sinagoga, e levantou-Se para ler”. Sem dúvida, Jesus mantinha comunhão diária com o Pai e ensinava em todos os lugares. Porém, no sábado, o Seu costume era ir à igreja; Ele fazia isso por muitos motivos. Vejamos:

  1. Porque o sétimo dia foi criado e abençoado por Deus (Gênesis 2:2-3).
  2. Porque o sábado foi confirmado nos Dez Mandamentos como um dia para santificação, no qual devemos descansar de todos os afazeres cotidianos (Êx 20:8-11).
  3. Em todo o Velho Testamento, o sábado foi confirmado por Deus, por intermédio de Seus profetas, como um dia de repouso e uma bênção para o povo de Israel (Jm 17:24-27, Isaías 58:13-14).
  4. Porque a Lei de Deus é eterna (Salmos 111:7-8).
  5. Porque todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. O sábado é criação de Deus (Colossenses 1), e Jesus estava presente na criação (João 1:1-3).
  6. Porque Jesus foi obediente em tudo (Filipenses 2:5-8).
  7. Porque Ele não veio revogar a Lei e os profetas; mas, sim, cumpri-la (Mateus 5:17).

 

Alguém pode argumentar: “Mas ele foi à sinagoga, no sábado, porque essa era a prática dos judeus”. Porém, o texto é claro: “entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume”. Não se fala que fora até lá por do costume dos judeus; antes afirma que o costume era d’Ele.

Jesus, por Seu exemplo, demonstrou que Deus deve ser adorado todos os dias, mas o fato de Ele ir à igreja no sábado, porque tinha o costume de fazer isso, reforça que o sétimo dia da semana é diferente dos demais. E precisamos considerar isso.

 

A OBRA DE JESUS NO SÁBADO

            Para os sabatistas, não há dúvida de que o sábado é dia que o Senhor separou para descanso e comunhão, mas existe um dilema sobre o que se pode ou não fazer nesse período de 24 horas. Muitos se preocupam em querer descobrir o que não se pode fazer, mas poucos se interessam com o que se deve fazer.

            Nosso estudo tem como leitura dois textos do livro de Lucas; eles ajudam-nos a entender melhor a questão: Lucas 4:31-27 e 13:10-17. Em ambos, os episódios ocorrem dentro da sinagoga. Como já vimos, o sábado era o dia em que Jesus dedicava-Se ao ensino da Palavra, mas o foco dos textos exemplifica o trabalho feito por Ele no sábado: fazia o bem às pessoas.

            No primeiro caso, Jesus é afrontado por um demônio que havia dominado a vida de um homem. Então, o Mestre, sem muitos rodeios, expulsou-o imediatamente. Portanto, sábado é dia de libertação; é um momento oportuno para a Igreja pregar a libertação, e a verdadeira libertação ocorre pela pregação da Palavra. Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:32) Há muitos encarcerados espirituais que precisam de ajuda; assim, não devemos perder tempo em nos preocuparmos com o que não podemos fazer no sábado; mas, sim, investir o tempo fazendo o mesmo que Jesus: levar libertação aos cativos.

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            O segundo texto que se encontra em Lucas 13:10-17 é muito utilizado por aqueles que não guardam o sábado, pois ele mostra que Jesus fez algo nesse dia que não poderia ser feito. Todavia, é errôneo interpretar o texto desta forma. Naquela ocasião, o Mestre também estava na sinagoga e ali curou uma mulher enferma havia 18 anos (v.11). Não demorou para ser acusado: “O chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que se trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados e, não, no sábado”. (v.14). Jesus não havia transgredido o mandamento, pelo menos não o do sábado bíblico. O problema é que escribas e fariseus não se contentavam com as Escrituras, e tinham que definir com precisão o que se podia fazer ou não (Isso lembra alguns crentes de nossos dias).

Então, possuíam um livro, por sinal com mais conteúdo que as Escrituras, no qual especificavam com detalhes o que era “trabalho”. E curar era um “trabalho”! Segundo tal escrito, permitia-se curar quando a vida do doente corria perigo e, especialmente, quando o problema afetava os ouvidos, o nariz ou a garganta. Entretanto, até nesses casos, só se podia fazer aquilo que impedisse a piora do paciente; não se devia fazer nada para que melhorasse. Como a enferma tinha uma doença preexistente, só poderia ser curada durante os outros seis dias. Por essa razão, ao curá-la no sábado, Jesus estaria transgredindo a guarda do Dia Santo. Porém, pensar assim é um erro, pois Ele negligenciou uma regra dos escribas e dos fariseus; e, não, o sábado bíblico. Portanto, o sábado é o momento oportuno para levarmos cura às pessoas, sejam elas enfermas físicas ou espirituais.

            Na sequência do texto Jesus repreende os homens que o criticaram e diz: “Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura, no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber?” (v.15) Ou seja, havia uma inversão de valores: para os animais, era lícito fazer o bem e atender as suas necessidades; mas às pessoas, não. Jesus mostrou que, naquele dia, é licito fazer o bem, mesmo que isso cause escândalo a outros. Isso se comprova no texto de Lucas 6:6-11.

Vejamos um exemplo muito prático na atualidade. Se no dia de sábado você estiver passando pela rua e cruzar, em seu caminho, uma pessoa muito carente, querendo uma refeição, você deixaria de comprar um lanche para ela por causa do mandamento? Acredito que não. Para muitos, isso é um escândalo, infelizmente. Em contrapartida, precisamos ter sabedoria para não tornarmos o sábado um dia casual. Como fazer isso? Se possível, deixando os “animais soltos” na sexta-feira para que não precisemos soltá-los no sábado. 

 

JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

Em concordância com os Evangelhos de Mateus e Marcos, Lucas também narra o episódio em que os discípulos, sob a vistoria de Jesus, colhem espigas no sábado. (Lucas 6:1-5) Na maioria das vezes, e isso ocorre nos nossos dias, havia alguém para acusar. Quem? Novamente os fariseus. Todavia, precisamos outra vez aplicar a boa interpretação para não incorrermos no erro de achar que a ação dos discípulos foi uma afronta ao mandamento.

Como vimos anteriormente, o problema era que escribas e fariseus tinham carregado o quarto mandamento com doutrinas humanas, que tornavam o repouso sabático um fardo e, não, um refrigério. (Mateus 23:1-4) Por exemplo: o mandamento estabelecia que o sábado deveria ser santificado; durante suas 24 horas, nenhum trabalho poderia ser feito. Mas esses legalistas judeus eram apaixonados pelas definições; de maneira que se perguntavam, para começar: o que era “trabalho”?. Fizeram-se longas listas de atividades que poderiam ser consideradas assim, como levar uma carga. Mas, então, fazia-se necessário definir o que era uma “carga”; pela lei dos escribas, “carga” é “uma quantidade de comida equivalente em peso a um figo seco, suficiente vinho para encher uma taça, leite para um gole”, etc.

Os discípulos de Jesus, ao colherem espigas no dia de sábado, para matarem a fome (Lucas 6:1), não estavam violando o quarto mandamento. Eles haviam quebrado quatro das 39 regras rabínicas que classificavam o “trabalho” proibido nesse dia: segar, ventilar, debulhar ou preparar uma comida. O sábado dos fariseus não era o mesmo de Jesus. E Ele tinha autoridade para repreendê-los, pois era o “Senhor do Sábado”.

Algumas pessoas acham que o fato de Jesus haver declarado ser Ele “Senhor do Sábado” (Mateus 12:8; Marcos 2:28; Lucas 6:5) implica na sua anulação como dia de repouso. Porém, uma análise mais aprofundada do assunto não sustenta tal posicionamento. Declarando-Se “Senhor do Sábado”, Cristo estava simplesmente reivindicando Sua legítima soberania, em face das tentativas de os fariseus ensinarem a Cristo sobre como observar esse dia. (Mateus 12:1-2) A soberania de Cristo sobre o sábado deriva especialmente do fato de ser Ele tanto o Criador quanto o Legislador do sábado. Se o sábado foi instituído na semana da criação (ver Gênesis 2:1-3; Êx 20:8-11; Hebreus 4:4 e 10), e “todas as coisas foram feitas por intermédio” de Cristo, “e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3), então é parte das grandes atividades criadoras de Cristo. Por isso, Ele é o Senhor do Sábado. Jesus e os Seus discípulos observavam o sábado. E ensinou como deve ser guardado o quarto mandamento, de modo a não ser uma carga, mas uma bênção. O verdadeiro “Dia do Senhor” é o que Ele mesmo declarou ser o Senhor, ou seja, o sábado. Sendo Cristo a nossa “sanção final”, tendo por Seu exemplo e nos Seus ensinos exaltado o santo dia de Deus, o sábado, não devemos nós “andar como Ele andou”? (1 João 2.6)

 

CONCLUSÃO

Jesus é o Senhor do Sábado e de todas as coisas. Sendo o Senhor, tinha o direito de mudar, cancelar ou fazer qualquer coisa. E o que fez com relação ao sábado? Ensinou, por meio de exemplos, a santificar, a fazer o bem, a descansar. Sendo o fundador do Cristianismo, a Sua atitude em assuntos de conduta cristã é muito importante. Ele é nossa “sanção final para o sábado”, porque os Seus ensinamentos, tanto em preceitos quanto em exemplo, são a mais alta autoridade.

Em tempo, uma última palavra sobre o costume de Jesus de frequentar a sinagoga no sábado. Naquele tempo, o sistema religioso estava muito distorcido e corrompido, como infelizmente está em nossos dias. Mesmo assim, o nosso Senhor Jesus não deixou de congregar, e esse exemplo também deve ser seguido por todos nós.

 

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