Questão:
Obrigado por responder minhas muitas perguntas. Meu amigo hindu insiste que o Bhagavad Gita [Nota do Tradutor: Livro sagrado para o Hinduísmo] é o melhor livro de todos os tempos e dá muitas respostas às questões da vida. Você pode me dar uma resposta sobre por que este livro não resolve o problema do pecado da humanidade? Além disso, existem semelhanças entre este livro e a Bíblia?
Resposta:
Este é um exemplo clássico de uma questão que envolve visões de mundo conflitantes. Como regra geral, ao lidar com visões de mundo concorrentes (como a do Cristianismo e do Hinduísmo), sugiro que você use a metodologia usada por Paulo em Atos dos Apóstolos 17 ao falar aos estóicos e epicuristas de seus dias no Areópago, em Atenas. Ele usou a seguinte técnica:
- Conheça a visão de mundo da pessoa com quem você está falando.
- Encontre um terreno comum como meio para iniciar a discussão.
- Apesar de ser respeitoso com a visão de mundo da outra pessoa, mostre por que a cosmovisão cristã é superior.
Aqui está a minha sugestão para a pergunta específica sobre o Bhagavad Gita. Primeiro de tudo, sugiro que você leia este importante trabalho religioso. São apenas 700 versos poéticos longos, em 18 capítulos. Não vai demorar tanto tempo para você ler. Você deve se familiarizar com o conteúdo, mas também com a filosofia subjacente deste livro. Você pode querer ler algumas fontes que não são críticas das escrituras Hindus, para que você possa ter uma visão um tanto quanto imparcial do livro. É a história de um jovem príncipe chamado Arjuna, que é enviado à batalha para retomar o território da família. Ele quer evitar a tarefa, mas é aconselhado por Krishna (um deus fictício do Hinduísmo) a enfrentar a batalha. A razão é que, ao fazer isso, ele estará prestando serviço altruísta, superando parcialmente seu carma, e, portanto, aproximando-se de uma fuga da roda cósmica do tempo para que ele possa alcançar o nirvana. O ensino ético básico do livro é a necessidade de dar a si mesmo, em serviço abnegado a algo maior do que a si mesmo. Ao fazer isso, podemos escapar do ciclo cármico e nos aproximar de Brahman (o conceito panteísta de Deus no Hinduísmo).
Neste ponto, o que eu faria é pedir ao meu amigo Hindu para considerar a leitura do Evangelho de João. É um pedido justo e você desejará uma base para comparação e para discussão da grandeza do Bhagavad Gita. No interesse de encontrar um terreno comum, você poderia reconhecer que ambos os livros enfatizam as qualidades do serviço abnegado e de ter prioridades espirituais maiores do que as questões físicas egoístas. Você poderia reconhecer que grandes líderes mundiais e pensadores como Ghandi, Einstein e Ralph Waldo Emerson encontraram inspiração no Bhagavad Gita e que você pode ver porque eles acharam essa poesia inspiradora. Há muito neste documento que você pode achar admirável e, em certo sentido, “verdadeiro”.
A partir daí, tendo encontrado algum ponto em comum, você poderia começar sua discussão sobre a cosmovisão. Apesar das semelhanças dos dois livros de uma perspectiva ética, as alegações básicas das duas obras estão a anos-luz de distância em sua teologia e visão de mundo. Por exemplo, de acordo com a Bíblia, não podemos fazer o bem suficiente para desfazer o mal que fizemos. Ou o Bhagavad Gita está correto (que boas ações anulam as más, o que nenhum de nossos sistemas legais reconhece como justo) ou precisamos que Deus intervenha para que nossos pecados sejam compensados. Ambos os pontos de vista simplesmente não podem ser verdadeiros simultaneamente. Segundo a Bíblia, nosso único caminho para a bondade é através da salvação em Jesus. Seu amigo Hindu não pode aceitar essa idéia imediatamente, mas isso é algo para começar.
Você também pode apontar que o escritor do Bhagavad Gita acreditava na reencarnação. Você poderia apontar o problema óbvio, que é que há quase tantas pessoas vivas hoje quanto em toda a história passada da humanidade. Como todos nós podemos ter dezenas e centenas de vidas se quase metade de todas as pessoas que já viveram estão agora vivas? Em face disso, essa afirmação básica do livro parece sem suporte. Além disso, o Bhagavad Gita pressupõe que o universo é eterno. Não foi criado por um Criador pessoal, enquanto a Bíblia nos diz que o universo foi criado do nada (Hebreus 11:3 Gênesis 1:1). O fato é que a Bíblia está correta sobre isso e o Bhagavad Gita está errado nisso, pelo menos no que diz respeito às evidências da ciência. Esta é uma razão para duvidar da “verdade” do Bhagavad Gita, mesmo que nós gostemos de seu ensino ético.
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Adições de Ellen White à Bíblia Então você poderia continuar a notar que Jesus foi uma pessoa real. Nós sabemos onde ele nasceu, onde ele morreu, como ele morreu, o nome de sua mãe e pai, de dois de seus irmãos e muitos de seus amigos. Arjuna e Krishna são figuras míticas. Nós nem sabemos quando eles supostamente viveram. Certa vez perguntei a um amigo Hindu e ele disse que Krishna viveu em algum lugar entre 2000 a.C. e 200 d.C. Isso não ajuda muito. O Bhagavad Gita é uma bela história com um profundo significado que até mesmo um cristão pode encontrar sabedoria para extrair dela, mas o ponto principal é que a idéia de carma, a idéia de um universo eterno e a idéia de centenas de reencarnações simplesmente NÃO SÃO VERDADE. Sugiro, então, que você peça ao seu amigo para passar mais algum tempo olhando para Jesus, para a vida real dele (não uma vida mítica) e para o seu sacrifício, bem como seus milagres, suas reivindicações e seu cumprimento da profecia bíblica no Antigo Testamento. Esperemos que, a essa altura, seu amigo comece a ver que, embora o Bhagavad Gita seja verdadeiramente um belo livro, com um grande ensinamento, ele é, no entanto, o produto da sabedoria humana limitada e nem sequer se aproxima do livro de João ou da Bíblia como fonte ou verdadeira sabedoria e verdade real.
Um último comentário. Mesmo quando você está discutindo a cosmovisão Hindu, você deve ser respeitoso e gentil. Você não deve atacar seu amigo. Você deve aplicar a Regra de Ouro e assumir que ele está buscando a verdade e a seguindo onde quer que ela leve. Espero que a verdade se torne óbvia para o seu amigo.
Traduzido a partir de: <http://evidenceforchristianity.org/9546-2>.
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