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Jó 6
2 Ref “Se tão somente pudessem pesar a minha aflição e pôr na balança a minha desgraça!
3 Ref Veriam que o seu peso é maior que o da areia dos mares. Por isso as minhas palavras são tão impetuosas.
4 Ref As flechas do Todo-poderoso estão cravadas em mim, e o meu espírito suga delas o veneno; os terrores de Deus me assediam.
5 Ref Zurra o jumento selvagem se tiver capim? Muge o boi se tiver forragem?
6 Ref Come-se sem sal uma comida insípida? E a clara do ovo, tem algum sabor?
7 Ref Recuso-me a tocar nisso; esse tipo de comida causa-me repugnância.
8 Ref “Se tão somente fosse atendido o meu pedido, se Deus me concedesse o meu desejo,
9 Ref se Deus se dispusesse a esmagar-me, a soltar a mão protetora e eliminar-me!
10 Ref Pois eu ainda teria o consolo, minha alegria em meio à dor implacável, de não ter negado as palavras do Santo.
11 Ref “Que esperança posso ter, se já não tenho forças? Como posso ter paciência, se não tenho futuro?
12 Ref Acaso tenho a força da pedra? Acaso a minha carne é de bronze?
13 Ref Haverá poder que me ajude agora que os meus recursos se foram?
14 Ref “Um homem desesperado deve receber a compaixão de seus amigos, muito embora ele tenha abandonado o temor do Todo-poderoso.
15 Ref Mas os meus irmãos enganaram-me como riachos temporários, como os riachos que transbordam
16 quando o degelo os torna turvos e a neve que se derrete os faz encher,
17 Ref mas que param de fluir no tempo da seca e no calor desaparecem dos seus leitos.
18 As caravanas se desviam de suas rotas; sobem para lugares desertos e perecem.
19 Ref Procuram água as caravanas de Temá, olham esperançosos os mercadores de Sabá.
20 Ref Ficam tristes, porque estavam confiantes; lá chegaram tão somente para sofrer decepção.
21 Ref Pois agora vocês de nada me valeram; contemplam minha temível situação e se enchem de medo.
22 Ref Alguma vez pedi a vocês que me dessem alguma coisa? Ou que da sua riqueza pagassem resgate por mim?
23 Ref Ou que me livrassem das mãos do inimigo? Ou que me libertassem das garras de quem me oprime?
24 Ref “Ensinem-me, e eu me calarei; mostrem-me onde errei.
25 Ref Como doem as palavras verdadeiras! Mas o que provam os argumentos de vocês?
26 Ref Vocês pretendem corrigir o que digo e tratar como vento as palavras de um homem desesperado?
27 Ref Vocês seriam capazes de pôr em sorteio o órfão e de vender um amigo por uma bagatela!
28 Ref “Mas agora, tenham a bondade de olhar para mim. Será que eu mentiria na frente de vocês?
29 Ref Reconsiderem a questão, não sejam injustos; tornem a analisá-la, pois a minha integridade está em jogo.
30 Ref Há alguma iniquidade em meus lábios? Será que a minha boca não consegue discernir a maldade?